Colocando em dia... (3)
Patrocínio e jornalismo são instituições que andam abraçadas. Embora o primeiro mande no segundo, há um contínuo esforço de não deixar esse vínculo transparecer. Pelo menos por parte da TV e dos veículos impressos, que, aparentemente, procuram separar o conteúdo editorial do publicitário. Já o rádio se notabilizou por trilhar caminho oposto. Os dois noticiários mais tradicionais do dial gaúcho têm, no seu próprio nome, a marca de um anunciante. O “Correspondente Ipiranga”, da Gaúcha, e o “Correspondente Guaíba Aspecir Previdência” inspiram-se num similar que fez história: o “Repórter Esso”.
Além de popularizar a relação noticiário-patrocinador, o “Esso” criou mais alguns detalhes que perduram até hoje. Antes de ele surgir, em 1941, as informações dadas no rádio eram meras leituras de jornais e revistas. Não havia produção específica de material jornalístico para as emissoras. Pois, com apoio do então presidente Getúlio Vargas e sob tutela do famigerado DIP, o programa nasceu, voltado principalmente para propagandear ao povo brasileiro os acontecimentos da 2ª Guerra.
Com o tempo, foi se tornando mais eclético e ganhando credibilidade. Tanto que o povo começou a dizer: “Se o ‘Repórter Esso’ não deu, não aconteceu”. Este era um dos slogans do programa, que inicialmente se propôs a ser “o primeiro a dar as últimas” e, depois, mudou o lema para “testemunha ocular da História”. Outra contribuição lançada pelo noticiário foi a existência de horários fixos, característica que até então não havia nos radiojornais. Ele tinha a exata duração de cinco minutos.
O principal apresentador do “Repórter Esso”, transmitido pela Rádio Nacional, do Rio, foi o gaúcho Heron Domingues, que esteve à frente do programa por 18 anos. Em algumas capitais, havia uma edição local. Em Porto Alegre, ia ao ar pela Farroupilha, na qual o mais famoso âncora foi Lauro Hagemann. Por pressões da ditadura militar, o noticiário extinguiu-se em 31 de dezembro de 1968, apenas 18 dias depois da instalação do AI-5. A última edição teve uma breve retrospectiva de fatos históricos noticiados durante a trajetória do programa. Com a voz embargada, o locutor Roberto Figueiredo terminou a leitura assim:
domingo, 25 de maio de 2008
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